Liderando com Humildade
31 de January de 2017O discurso
7 de February de 2017Minha esposa, Kristyn, e eu recentemente retornamos de uma turnê onde tivemos o privilégio de compartilhar a nossa música em cidades por toda a América do Norte. Como fazemos em nossas turnês, nós fizemos uma parceria com a maioria dos nossos patrocinadores para organizar um almoço e um tempo de conversa com pastores locais, líderes de louvor e outros músicos de igreja.
Em cada um desses eventos de liderança, eu expus a questão: “Quais são as coisas que você pergunta a si mesmo na manhã de segunda-feira ao rever seus cultos de domingo?” Geralmente as respostas orbitam ao redor de valores de produção, questões estilísticas, gerenciamento de pessoal, agradar ao pastor ou terminar o culto a tempo. Eu não lembro de ninguém se perguntar: “Como a congregação cantou?”
Parece curioso que em uma geração que tem produzido inúmeras conferências, artigos, blogs e até programas de graduação universitária em “louvor”, o tópico do canto congregacional não tem sido levantado com mais frequência. Mas mesmo se estivéssemos discutindo a participação congregacional, nós saberíamos qual objetivo estamos visando alcançar a cada semana?
Eu não finjo ser qualificado para escrever um tratado teológico sobre esse assunto específico. O canto congregacional é um ato santo, e enquanto organizo os meus pensamentos, eu ouço o meu velho pastor, Alistair Begg, me lembrando que em nossa adoração musical, temos que estar espiritualmente vivos (mortos não cantam), espiritualmente auxiliados (através da capacitação o Espírito Santo), e espiritualmente ativos (comprometidos a caminhar diariamente com o Senhor).
Eu ofereço aqui alguns conselhos práticos para fortalecer o nosso canto congregacional, tirados tanto da nossa experiência como músicos quanto do que temos visto e aprendido em nossas viagens.
1. Comece com o pastor
Olhe para qualquer congregação que não é engajada em louvor através do canto e a mais consistente correlação é um pastor sênior igualmente desengajado. Em última análise, a batata quente para nele no louvor congregacional.
Todo pastor deve ser intimamente envolvido na linguagem colocada na boca da congregação, pois tal canto afeta, em última análise, como eles pensam, como se sentem, como oram e como vivem. A congregação deve ser tratada como aqueles que foram convidados para um banquete na mesa do Rei; não dê a eles junk food! C.S. Lewis acreditava que o canto completa a nossa fé, explicando em seu livro Reflections on the Psalms (Reflexões sobre os Salmos): “Penso que nos deleitamos em louvar o que desfrutamos, porque o louvor não meramente expressa, mas completa o desfrutar; o louvor é a consumação designada do desfrutar”. Eu creio que é por isso que muitos de nossos heróis pastorais como Martinho Lutero, Charles Spurgeon, J.C. Ryle e Philip Schaaf produziram hinários além da pregação e do ensino. Outros líderes como Horatius Bonar, Richard Baxter e João Calvino também escreveram hinos.
Pastores não apenas tem o dever de estarem envolvidos em se preparar para o tempo do canto congregacional, mas também têm a responsabilidade de pessoalmente ser modelo e demonstrar a importância do canto congregacional. Nós precisamos de pastores que constantemente se deleitam no canto de sua congregação e nos músicos que os servem e também alegre e autenticamente participam.
Pastores, assumam o seu dever nesse ato de adoração chamado canto congregacional. Líderes de louvor, orem pelo seu pastor fielmente e façam a sua parte em desenvolver um crescente relacionamento com ele. Os mais influentes líderes de louvor da história quase sempre tiveram relacionamentos próximos (embora frequentemente tensos) com seus pastores.
2. Cante grandes canções
Se o canto congregacional é um ato santo, e se somos o que cantamos, então não podemos ser preguiçosos em selecionar as canções. Devemos cantar grandes canções — canções que artisticamente exultem a Cristo com letras profundamente significativas e melodias que ficamos ansiosos para cantar. Melhor ter um pequeno repertório de grandes canções (que você cantará bem) do que um catálogo cheio de canções recicladas por razões sentimentais ou procuradas porque estão na moda.
Escrever ou selecionar grandes canções não é um exercício de propaganda ou marketing sentimental. Não é meramente depositar a verdade bíblica junto com qualquer melodia. É uma forma de arte que captura as nossas emoções e o nosso intelecto de maneiras misteriosas. Assim como um chef de cozinha experiente seleciona ingredientes que são ao mesmo tempo nutritivos, aromáticos e saborosos, a seleção de canções para o canto congregacional deve excitar em vários níveis.
Grandes canções passaram pelo teste do tempo. Elas foram passadas a nós por nossos pais, e nós devemos passá-las aos nossos filhos. Reúna qualquer grupo cristão e praticamente todos podem se unir a você cantando “Vencendo Vem Jesus¹” confiante e apaixonadamente. Somos atraídos a cantar grandes músicas, assim como somos atraídos a ficar em reverência diante de uma bela pintura.
Existem grandes canções novas — elas sopram ar fresco em nosso canto e nos ajudam a conectar verdades milenares com sons modernos. Elas são apropriadas também, embora mais difíceis de encontrar.
Recentemente convidei dois amigos incrédulos para um evento cristão. Os artistas no palco tocaram canções com letras interessantes, mas melodias terríveis. Eu perguntei aos meus amigos o que eles pensaram sobre o concerto. “Essas pessoas obviamente não levam o assunto muito a sério”, um amigo respondeu. Ora, eu sei por certo que isso não é verdade. Mas arte no fim das contas expressa vida, e canções de baixa qualidade não refletem crentes vivazes e sérios.
3. Cultive uma prioridade centralizada na congregação naqueles que lideram
Desde o indivíduo que lidera o canto à equipe de louvor na frente e aqueles de nós que acompanham como membros da congregação, é vital construir uma cultura onde todos percebam que a responsabilidade coletiva diante de Deus e diante uns dos outros é cantar juntos. Por toda a Escritura, o mandamento de cantar é dado ao povo de Deus mais de 400 vezes. Efésios 5.19 instrui os crentes a falar uns com os outros com “salmos, hinos e cantos espirituais”. Semana após semana, somos espiritualmente renovados, realinhados e santificados pelo canto ao Senhor e o canto uns aos outros como corpo de Cristo.
Infelizmente, algumas das igrejas com prédios mais novos e pastores de pensamento mais inovador são enfraquecidas substancialmente um canto congregacional confuso. É um testemunho horrível para os visitantes observar os crentes tão desinteressados no canto ao seu Criador e Redentor.
Muitos dos nossos desafios comuns — o baterista demasiadamente animado, a backing vocal que se acha uma diva, o membro do coral subversivo ou uma prioridade nada saudável no desempenho — podem ser corrigidos quando ensinamos e encorajamos aqueles que estão envolvidos com a música a serem animados quanto ao propósito de apoiar a congregação. Cada cantor, instrumentalista e membro do coro deve tomar parte de facilitar o alto chamado do canto congregacional.
4. Sirva a congregação através da excelência musical
A Escritura nos manda criar música que tanto é boa quanto excelente. Por exemplo, o Salmo 33 nos manda tanto “exultar no Senhor” quanto tocar os instrumentos “com arte” (versículo 3). Essa instrução é consistente com o nosso chamado comocrentes para trabalhar com o coração em tudo o que fizermos, como fazendo para o Senhor e não para homens (Colossenses 3.23). A música não precisa ser complexa ou de um estilo específico, mas devemos levar a sério o nosso papel em tal atividade santa. Essa liderança exige pessoas que são treinadas e bem preparadas. Assim como com todo trabalho que envolva criatividade (quer seja pregando, criando os filhos ou conduzindo um negócio), nós devemos constantemente buscar sermos puros, interessantes e conectados com as nossas congregações. Ouça a novas músicas, novos arranjos e novos sons. Examine nossa herança de liturgias para meditar em como ordenar o serviço do louvor. Esforce-se por mediar diferenças, encontrando-se com líderes de diferentes igrejas e denominações para aprender a respeito de suas seleções de canções.
Ao gravar para filmes, o compositor e os intérpretes usam toda a sua excelência musical em serviço da história. De maneira semelhante, os cantores e músicos devem trazer sua excelência musical em serviço da congregação. Não há dicotomia entre excelência musical e louvor congregacional desde que a excelência seja dada em serviço da congregação.
5. Gerencie o repertório da congregação de maneira intencional
Tendo progredido em cada uma das áreas cima e colocando-as em prática regular nos cultos, seja intencional quanto o que é cantado e quando é cantado. Não trate a sua biblioteca de escolhas congregacionais como se fosse selecionar “aleatório” no seu iPod. Em vez disso, seja intencional na ordem do culto, prestando atenção à advertência de Eric Alexander de que o louvor congregacional começa com Deus e a sua glória, não com o homem e a sua necessidade. Pergunte-se por que você está cantando em determinado ponto do culto e certifique-se de que a seleção para aquele momento é apropriada. Aprenda, também, da rica herança de liturgia e como ela fornece um caminho para ordenar as canções para um culto.
Por: Keith Getty. Copyright © 2014 The Gospel Coalition. Original: Five Ways to Improve Congregational Singing.
Tradução: Alan Cristie.
Notas do tradutor: ¹O hino mencionado pelo autor é “Amazing Grace”, e foi substituído na tradução por “Vencendo Vem Jesus” por refletir melhor a realidade da cultura evangélica brasileira.
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[…] desejosa de amar uns aos outros ao cantar as músicas uns dos outros? E se você quiser promover o canto congregacional, em vez da experiência passiva de um show? E se você quiser encorajar uma cultura […]