O adorador e a família – Fernandinho
14 de May de 2020Dica de ministério | Identidade, propósito e missão
20 de May de 2020Por meio da Palavra, somos unidos e moldados para as tarefas
que Deus deseja nos incumbir.
1 Timóteo 3.17
Existem muitos métodos para o discipulado no ministério de louvor, entretanto o princípio é único. O amor é o único código de valores que sobrepuja qualquer definição desta missão. Amar a Jesus e a pessoa que se tornou discípulo Dele. O amor é o tema central da bíblia, por isso nos maravilhamos quando lemos: “Deus amou o mundo…” (João 3.16). É do que se trata o discipulado, pelo menos é o que deveria ser; um ato de amor.
A principal prerrogativa do discípulo é a de, através do relacionamento, receber a transferência de valores. A fundamental atribuição do discipulador precisa ser a de transmitir por meio de atitudes, habilidades e objetivos tudo o que ele mesmo, por experiência, já eternizou no seu interior. Não há como conduzir com sucesso um discípulo no caminho do evangelho se o discipulador é um grande teórico. Somente alguém que ama de forma autêntica poderá suportar a responsabilidade desta obrigação.
Jesus nos deixou claro que fazer discípulos é um mandamento. O discipulador tem o compromisso de cuidar, instruir e fortalecer uma pessoa até que Cristo seja formado nela. Baseando-se nestes conceitos, notamos o surgimento de uma incoerência. O indivíduo que participa do ministério de louvor tem como premissa ter tido Cristo formado em seu caráter. Por isso, teoricamente não haveria a necessidade desta transferência de valores, porquanto Cristo já governa este indivíduo. Por esta razão há tantos acontecimentos que maculam o evangelho de Jesus dentro e fora da igreja. Ministros que ainda não têm Cristo formado nelas dispõem de autonomia e posição hierárquica sobre outros irmãos dentro do ministério de louvor. Por conseguinte são inconstantes e de compromisso raso. E por estarem envolvidos em ocupações importantes passam um exemplo degradante aos que estão iniciando no ministério de louvor da igreja local.
O discipulado constante por elo fraternal possui força real de orientação, pois o relacionamento provocado intencionalmente neste fim permite conhecer intimamente as demandas da alma do discípulo.
O desejo do coração de Deus
Quando filhos divergem entre si e pelas razões desta cizânia quebram a comunicação e os pais se entristecem. O mesmo ocorre se por algum motivo, os filhos, fazem algo que moralmente seja reprovável, os pais sentem a exposição da vergonha. O coração do pai e da mãe se torna pesado, o convívio harmonioso como era antes fica impedido por causa das implicações negativas destes eventos.
Deus experimenta semelhante angústia ao ver seus filhos em disputas e práticas de outros pecados. Ainda que sejam impresumíveis as consequências da quebra dos valores cristãos, insistir no básico modelo de formação de discípulos é a atividade relacional insubstituível. Este princípio precisa ser reproduzido persistentemente, como ordena o texto: “tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, seja andando pelo caminho, ao te deitares e ao te levantares.” Dt.6.7.
Na versão ‘A Mensagem’ podemos contextualizar melhor a raiz da palavra ‘inculcar’ (Heb – shanan) “Que eles sejam repetidos desde a hora que vocês levantam de manhã, até a hora de cair na cama á noite.” Dt 6.7. A chave é ‘repetir’ e não adquirir mais conhecimento intelectual sobre Deus. De nada servirá um grande conhecimento sem praticar a informação. O discipulado sutilmente se torna um rito filosófico. Ele perde a eficácia quando a formalidade do prazer intelectual se torna uma casta ufanista que substitui a simples prática de reproduzir Cristo nas atitudes.
Nossa sociedade em tese está se desenvolvendo. Com isso temos pessoas cheias de conhecimento intelectual dentro das igrejas apenas elaborando formulas e métodos de discipulado. Planilhas com alvos e metas para alcançar, objetivando fabricar resultados. O relacionamento sincero foi substituído pelas etapas de conquistas dos números. Agora a preocupação é propagandear a instituição ao qual pertencem, sendo Cristo igualado a um ingrediente de um remédio.
O único desejo do coração do nosso Pai está pulverizado entre tantas fórmulas, cerimônias, protocolos e métodos.
Transparência é a base do relacionamento no discipulado
O ensino estigmatizado pela igreja moderna é o empirismo, a experiência de vida é sufocada dando lugar às lições decoradas iguais a de uma escola que ensina regras. Não estamos mais debaixo de regras, as regras Cristo veio cumprir e já as cumpriu! Agora Ele nos deixou princípios inegociáveis de vida. “A isto ele respondeu: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” Lucas 10.27.
Vida gera vida e os métodos geram métodos e assim por diante. Estes princípios praticados no discipulado do ministério de louvor quando ‘repetidos’ se aprofundam num lugar que não podem mais serem esquecidos. Eles são memorizados e guardados, e passam a fazer parte das atitudes do discípulo. A experiência é a melhor forma de transmitir uma verdade. Por isso o aspecto do discipulado que vai gerar vida é quando o discipulador é transparente. Quando ele compartilha a sua experiência com Cristo, está transmitindo valores por meio do relacionamento.
Assim como foi dito, o princípio do discipulado deve ser o amor. Todo amor é provado e passa a ser revelado se é verdadeiro ou um falso amor. Podemos afirmar que a base de qualquer relacionamento é a transparência. Somente o amor faz nascer a transparência num relacionamento e o torna sadio, duradouro e seguro.
É comum o homem experimentar dor e sofrimento por ignorar a vontade do Senhor ou se rebelar contra ela. Há uma distância desmedida entre a vida que levamos e aquela que Deus gostaria que levássemos. Nossa vontade é fator indiscutível para alcançarmos uma vida realizada, útil, equilibrada e feliz. O aspecto do discipulado que é um antídoto para este afastamento de Deus é o relacionamento transparente em amor.
Precisamos ouvir alguém maior que nós
A Palavra de Deus precisa de um solo adequado para germinar. A semente de Deus necessita encontrar um coração ensinável para liberar todo o seu potencial de influência e transformação. No discipulado no ministério de louvor a maior exigência da parte de Deus não é que se ensine sobre adoração. Não é cantar bem ou ‘tocar muito’, ou ter instrumentos caríssimos. Também não é servir ou limpar a sala dos músicos, ou ser servo de todos. A maior exigência do discipulado não é carregar a cruz, dizimar ou negar-se si mesmo. Deus precisa ser obedecido. Esta é a maior exigência de Deus.
A primeira mulher, Eva, não perdeu o paraíso porque se esqueceu de auxiliar Adão na realização de alguma tarefa no jardim. O primeiro rei, Saul, não perdeu seu reino porque foi julgado emocionalmente incapaz pelos surtos psicóticos causados por sua esquizofrenia. A desobediência foi a causa de todos os personagens bíblicos terem perdido os seus respectivos ministérios. Não existe adoração maior quando sustentamos a supremacia absoluta da autoridade de Deus. Antes de trabalhar para Deus no ministério de louvor precisamos ser capturados e dominados por Sua autoridade. O discipulador deve ser alguém já conquistado pela autoridade de Deus, alguma pessoa pronta a viver João 18.11 “Por acaso você pensa que eu não vou beber o cálice de sofrimento que o Pai me deu?” Não é ensinando o discípulo como receber bênçãos ou ser útil no ministério de louvor que o discipulado se expressa.
Quando o discipulador pratica a ação motivada pelo senso de obediência e não governada pelo conhecimento do bem e do mal é que o discípulo recebe por transferência os valores do Cristo obediente. Viver de acordo com o conhecimento do bem e do mal foi a escolha de Eva. Saul escolheu fazer a sua própria vontade. Quando aprendemos ouvir e obedecer a alguém maior que nós, voltamos ao estado do homem antes da queda. Quando o homem buscava o que era certo ou errado em Deus.
Seletividade de Deus e o discipulado no ministério de louvor
Ao falarmos da transparência e do amor nos relacionamentos, encontramos uma corrente de líderes que defendem a tolerância infinita. Aplicam a condescendência permanente com indivíduo que causa rotineira turbulência na comunhão, instiga irmãos contra irmãos, ‘escorrega na mesma casca de bananas’ sem arrependimento e que mancha o nome de Cristo dentro e fora da igreja. No discipulado em que o convívio é a condição para caminhar dentro do serviço no ministério de louvor, deve ser considerada a opção de desligar o irmão imoral. Não somente o imoral, mas o fofoqueiro, o mentiroso, o rebelde, o falso profeta, o falso ministro etc. A igreja deve ser inclusiva, mas não pode tolerar Jezabel (Ap 2.20).
No livro de Salmos, o de número 133 compara a comunhão ao óleo sacerdotal de Arão. Existe algo que sobe a Deus como adoração pelo simples fato de estarmos em comunhão, mesmo sem música ou pregação da palavra. A bíblia compara a nossa união ao óleo precioso e perfumado de ungir em consagração os sacerdotes. Então devemos entender que essa comunhão precisa ser protegida. Deus espera que tenhamos coragem para proteger este óleo afastando as moscas (Ec 10.1) e deixando bem tampado o frasco de perfume. Se nós afirmamos que amamos a Deus e nos preocupamos com o zelo do altar, devemos antes zelar pela comunhão.
Discipulado no ministério de louvor não é apenas ensinar a bíblia, é praticá-la! Isto inclui a pesada e intransferível responsabilidade de cortar pessoas. Um discipulado transparente nunca deverá haver manipulação, a verdade do motivo precisa ser apresentada para o discípulo. Mais tarde, havendo frutos de arrependimento, a pessoa poderá ser reintegrada novamente a comunhão. Sem o confronto não há cura, nossa comunhão é instrumento de Deus para evangelização do mundo.
Entrega completa
O alvo do ministério de louvor é alcançar e permanecer no nível de ‘plenitude espiritual’. Cada pessoa possui um traço de personalidade, uns são tímidos outros extrovertidos. Há aqueles que emitem suas críticas e outros que reservadamente ficam ressentidos sem ninguém saber. Somente num ambiente que apresenta privacidade e segurança estas pessoas conseguem se abrir. Ali, no discipulado, aprendem usar como vantagem suas características humanas em glorificação a Jesus Cristo. Deus nos criou diferentes uns dos outros, Ele não espera que sejamos iguais, sem opinião ou sem aspiração. Mas que o governo de Cristo seja pleno em nossos corações e mentes.
Deixar que o “Eu” inflexível e obstinado seja destronado será sim doloroso e humilhante. Porém não existe outro caminho. Um discipulador verdadeiramente convertido será alguém inteiramente comprometido em cuidar, instruir, fortalecer até que Cristo seja formado no discípulo. Este então, mais tarde passará a formar outro discípulo como ele, que obedece a Deus em todas as coisas.
Neste ponto de relacionamento nascerá amizade sincera e a empatia fará que o amor fraternal se enraíze profundamente nos corações. Ao se relacionar em vários níveis, uns com os outros, em amor e transparência, nasce o desejo de proteger a comunhão e a história que estão construindo com Deus. O discipulado no ministério de louvor é tão somente o andar juntos reproduzindo Cristo, prestando contas um ao outro. Mestre e discípulo, em Deus, unidos e moldados para as tarefas que Deus deseja incumbir.
Por: Ricardo M. Corrêa