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Para que este artigo alcance bem o seu objetivo é importante que o leitor domine, ou ao menos conheça bem os conceitos básicos de técnica vocal, e tenha bagagem musical até formação de escalas, acordes e intervalos.
Formação dos Naipes Vocais
Conceitos de divisão dos naipes:
O estudo da música erudita nos apresenta a divisão dos naipes vocais da seguinte forma:
Sopranos, mezzo-sopranos e contraltos são considerados vozes femininas;
Contra-tenores, tenores, barítonos e baixos são considerados vozes masculinas.
A música moderna, porém, nos apresenta várias formas diferentes de se trabalhar padrões vocais, tornando, portanto, este conceito “limitado” no sentido de tudo quanto se pode extrair da técnica vocal nos dias de hoje. Um exemplo de que o conceito torna-se ultrapassado é o fato de que, no estudo erudito da técnica, existe uma tessitura pré-estabelecida para cada divisão, o que não ocorre na música moderna, onde um vocalista masculino pode como bem entender utilizar-se de técnicas para atingir sons pertencentes à tessitura feminina.
Abertura. O termo refere-se ao modelo de intervalos usados para a divisão de vozes.
Existem vários tipos de abertura vocal:
Praticando: Experimente formar um grupo de pessoas, no mínimo quatro, e cante uma canção bem conhecida e fácil, com o acompanhamento de um instrumento. Peça pra que todos abram a harmonia vocal intuitivamente. Geralmente este tipo de abertura, muito usada em coral, é formada no padrão de terças. Agora, troque a 2ª voz pela 3ª (contralto faz a voz do tenor), e a 3ª voz pela 2ª uma oitava a baixo (tenor faz contralto, como se fosse baixo). Três vozes distintas, com intervalos maiores entre elas. Provavelmente esta abertura estará no padrão de quintas. Este tipo de harmonia é muito rico pela quantidade de harmônicos que produz na sua interpretação, dá a sensação de amplitude, como se houvessem mais pessoas cantan
Depois de fazer este exercício, tente colocar em evidência as notas dissonantes da harmonia. Para isto, utilize acordes com nona, com sétima e acordes “sus”. Toque o acorde e distribua as notas deste acorde para os vocalistas cantarem. Deixe-osacostumarem-se com o som, e então, vá “encrencando” os acordes com alterações, como diminutos e aumentados, etc. Isto aumenta a capacidade auditiva dos vocalistas e ajuda-os a entrosarem-se melhor com a banda, sempre ouvindo a harmonia que está “rolando” e encaixando-se.
Trabalho nos intervalos:
Para que você tenha uma bagagem boa na realização de arranjos vocais, é necessário conhecer bem os intervalos e experimentar as aberturas em Terças, Quartas, Quintas, e Sextas.
Estilos. Dependendo da idéia do arranjo, utilizam-se intervalos próprios a fim de gerar o clima ideal.
Exemplo: No pop-rock é difícil utilizar na abertura vocal intervalos de terça. Embora sejam muito comuns em outros estilos, ficamos nos perguntando o que é aquele detalhezinho que falta no vocal pra deixar o som legal. Na verdade, o vocal canta muito intervalos de segunda maior, e quarta justa, e quando não, em quintas. Pra desenvolver isto, coloque um cd ou dvd do estilo que você quer aprender e observe o trabalho vocal. Comece a cantar junto e faça a análise harmônica do que aquele vocalista está fazendo, por exemplo, quando soa aquela nota, você deve saber que grau é aquele, se uma nona, uma sétima, uma segunda, etc. Depois você precisa analisar que grau aquele representa em relação à melodia. Ex: Se a melodia estiver no quinto grau e o vocal estiver cantando um sexto grau, então este intervalo é de segunda maior.
Dinâmica. Também se utiliza a dinâmica vocal para conseguir o efeito desejado de som vocal, tais como: agressivo, alegre, melancólico, suave, jovem, forte, vigoroso, introspectivo, reflexivo, sensível, etc. Saber como cantar e quando cantar é essencial para um vocalista. Aquele backing-vocal que fica cantando o tempo todo, enchendo todo o espaço de frases bem elaboradas e dobrando todas as notas da harmonia acaba se tornando um chato. Isto porque ele colabora para poluir a música, deixando-a “suja”. Às vezes é necessário suavizar, “baixar a bola” mesmo. Nem sempre todos os vocais cantam ao mesmo tempo, fica muito bom se de repente soa apenas uma voz com a melodia, cantando mais forte, as outras só dando um suporte. Use a criatividade e o bom senso.
Scat. É a utilização de sons vocais como onomatopéias, com o objetivo de imitar instrumentos musicais. Esta técnica é comum em canções a capella, mas também pode ser utilizado em arranjos de lead vocal. Experimente cantar uma melodia só com sons tipo – Dah, dah, com a harmonia aberta.
Considerações Importantes sobre harmonia vocal
É natural que, dentro de um grupo vocal, existam pessoas dotadas de maior facilidade, flexibilidade, afinação e criatividade do que outros. É fato que alguns, por meio de estudo, cheguem a dominar a técnica, enquanto outros, sem estudo, são mais intuitivos e acabam por obter maiores resultados – o que não os isenta de buscar instrução. O que não é uma verdade, é que estas pessoas são melhores do que você. Quando Paulo escreve aos Filipenses, nos versos 3 e 4 do capítulo 2, ele instrui da seguinte forma:
“Não façamos nada por contenda ou por vanglória, mas por humildade, cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros.”
Esqueçamos os “clichês” que envolvem esta imperativa. Acredito que ao escrever isto, ele estava pedindo que déssemos uma olhada uns nos outros, e notássemos o quanto aquela pessoa tem, que nós não temos. Remotamente, ao meditar nesse verso, imaginava referir-se a pessoas que faziam as mesmas coisas as quais eu fazia, às vezes, de maneira limitada, e eu tinha que olhar pra ela e pensar: “ela fez melhor do que eu”. Hoje eu percebo uma incoerência nisso. Como poderia eu instruir uma pessoa superior a mim no que eu faço? Mas percebo que não é isso que o texto diz. “Cada um atente para o que é dos outros”. Deus é infinitamente criativo em delegar dons e talentos aos homens, ele simplesmente repartiu sua sabedoria com a humanidade, a fim de que ela pudesse vir a compreendê-lo. Se eu olhar para o meu irmão, fatalmente perceberei nele uma capacidade superior para algo que eu não tenho. Ele vai olhar pra mim e perceber que sou superior a ele em algo que faço. Mas isto não nos torna melhor do que os outros. O fato de um cantar melhor não o torna melhor.
Isto me leva a pensar em I Coríntios 12:12 a 31 e suas analogias a cerca do corpo de Cristo. Na observância desta referência, falta-nos compreender esta verdade no que se refere ao funcionamento do corpo. Se reconhecermos a supremacia de Deus em liberar dons diferentes para uns e outros, obteremos maior facilidade em receber instrução daqueles que são colocados sobre nós em autoridade.
Por: Luciana Fratelli.
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