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O violão talvez seja o instrumento mais popular e prático que existe, pelo menos no Brasil. É fácil encontrar alguém que saiba tocar alguns acordes no violão. Creio que é exatamente a praticidade que faz dele o instrumento mais tocado pela galera. Com um violão na mão você pode fazer uma festa. Ele é harmônico e ao mesmo tempo percussivo. Com o violão você pode conferir à música não apenas o tom no qual ela será executada, mas também a rítmica. Isso faz do violão um instrumento ótimo para ser usado quando você não tem uma banda completa. Mas existem diferenças entre o uso do violão em uma banda e em um grupo pequeno, e isso é uma grande dificuldade que vejo entre “violeiros” que encontro por aí.
Usando o violão em uma banda
Em banda, “menos é mais”. Cada músico precisa procurar o seu lugar, e preencher o espaço que cabe a ele, sem atropelar todo mundo. Não é diferente com o violão. Muitas vezes uma grande dificuldade é assimilar o princípio de que em determinados momentos você pode até mesmo parar de tocar. Geralmente, o violonista começa treinando sozinho, ou em grupos pequenos. Isso confere a ele a sensação de que a música sempre depende do preenchimento do violão com levadas cheias e repetidas. Fato é que o violão geralmente é o instrumento que oferece a base para a música, mas o piano (órgão, pads, etc…) e a guitarra também podem fazer isso muito bem.
Como isso pode funcionar na prática? Diminuindo o número de batidas e acrescentando sonoridade. Diminua as batidas e permita que seu violão soe os acordes. Agora, aonde você vai tirar é uma questão de ouvir o resto da banda e procurar seu espaço. Se você não consegue perceber o espaço deixado pela banda, peça ajuda a um músico mais experiente.
Às vezes ouvimos bandas “de um arranjo só”. O que seria isso? Aquela em que o violão sempre começa a música. Isso geralmente acontece quando o líder de louvor toca o violão. Para que nossa equipe de louvor não seja “de um arranjo só”, precisamos dar espaço para diversas introduções, mesmo que para isso o violão precise estar de fora.
Quando estávamos produzindo a música “Amo a Ti”, do CD Atitude, perguntei para o produtor Paulo Lira: — “Como será o violão nessa música?” Ele me disse: — “Acho que não precisa nem de violão. Já está lindo assim”. Pra mim era um conceito novo. Mas não é que estava lindo mesmo!
Um banquinho e um violão
Mesmo antes de me converter, minhas primeiras apresentações em público com um violão aconteceram em reuniões religiosas. Eu tocava um Tonante (meu primeiro violão) e minha mãe liderava o período de cânticos de uma reunião de grupo caseiro da igreja, há 12 anos. Apesar de eu não gostar muito daquela experiência difícil, eu sabia que de alguma forma estava contribuindo para o serviço daquele grupo. E as pessoas também reconheciam isso. No final da reunião, as senhoras até me davam pastéis a mais por eu ser o músico da equipe. Minha mãe, como uma boa cristã, arrastava as músicas ao máximo que elas podiam ser arrastadas. Era duro de acompanhá-la. Aprendi muito com aquele pequeno grupo de pessoas que insistiam em fazer do meu trabalho o mais difícil possível. Por exemplo, aprendi que as músicas que funcionam melhor em grupos caseiros são as médias. Se você toca uma música lenta demais, ela praticamente não anda. Se você toca uma rápida, ela se tornará uma média e perderá a característica. Se você usa uma música média, terá uma boa chance de sucesso. Além disso, gostaria de compartilhar algumas coisas que hoje tento aplicar quando estou à frente de um grupo pequeno, tocando meu violão, seja liderando louvor ou não.
Tocando em um grupo pequeno, use toda a sua criatividade para conferir à música dinâmicas diferentes, e não permitir que ela fique monótona. Não seja um músico de uma levada só. Busque formas diferentes para se tocar uma música. No que diz respeito também à dinâmica, é necessário pesar a mão ou maneirar de acordo com a tensão que você deseja dar à música.
Muitas vezes, percebo também pessoas querendo executar apenas com o violão arranjos que foram montados para uma banda inteira. Não caia nessa, porque você corre um sério risco de deixar a música sem sentido, e até mesmo dificultar para as pessoas que não entendem de música como você. Busque introduções simples. Ao invés de ditar frases, dê às pessoas a segurança da tonalidade em que a música será executada. Em um grupo pequeno você pode acrescentar também instrumentos básicos de percussão como ovinho, pandeiro e o djembe (que é muito indicado por sua variedade de sons graves e agudos). Isso é uma grande ajuda em grupos como aquele da igreja em que eu tocava, que nunca acompanhava o ritmo das músicas.
Uma dica também importante — e que pode até parecer ridícula — é sobre a afinação. Afine seu violão SEMPRE antes de um período de louvor ou ensaio. As cordas do violão são sensíveis à mudança de temperatura, e por isso tanto o frio quanto o calor podem desafiná-lo. E também alguns violões têm dificuldade para manter a afinação. Não confie no seu ouvido somente. Invista em um afinador eletrônico. Se o seu afinador tiver calibragem, não se esqueça que o padrão (ou diapasão) é 440hz.
Violão para principiantes
O tipo de violão depende do estilo musical que você pretende executar. Por exemplo, na Vineyard hoje, o estilo que mais é tocado é o folk-rock. Para esse estilo, violões de nylon não combinam. Mas isso não quer dizer que o violão de aço é sempre melhor. Um dedilhado ou um “swing à brasileira” em um violão de nylon também tem o seu lugar. Depende do estilo que sua igreja e sua banda estão acostumados a usar. Em se tratando de um grupo pequeno, em que você precisa tocar sem amplificação alguma, o de aço é mais recomendado por causa do maior volume de som em relação ao violão de nylon. São dicas simples, mas que fazem diferença.
Violão avançado
Hoje está na moda o uso do capotraste — que muita gente conhece como abraçadeira. Eu estava assistindo a um DVD de adoração super moderno de um evento que acontece nos EUA, e oito entre 10 músicas foram tocadas com capotraste. Particularmente, eu aderi a essa moda. Há quem diga que capotraste é coisa de preguiçoso, que não gosta de fazer pestana. Mas fato é que o capotraste confere a mobilidade de executar a música em um mesmo tom com timbres dos mais variados. Use o capotraste e execute a mesma seqência de acordes em formatos diferentes (Ex: G em foma de D). Isso funciona mais ou menos assim: com um conhecimento básico a respeito de escalas, você transpõe o tom da música para o formato que você deseja usar, subindo no braço do violão o número de casas correspondente ao número de tons ou semi-tons que formam o intervalo entre o tom da música e o acorde que você vai utilizar, e toca como se tivesse encurtado um pedaço do braço do violão.
Se também em alguma música você tem todos os acordes em formato de pestana e não quer mudar o tom original, use o capotraste. Principalmente em um período de louvor em que você precisa executar cinco ou seis músicas consecutivas, pegar no meio uma música cheia de pestanas pode ser uma experiência dolorosa.
Tocando com o coração
Como em qualquer outra atividade no Reino ou, mais especificamente, em uma equipe de louvor, nós músicos devemos lembrar que nosso papel é servir. Facilitar que as pessoas se conectem com o Pai é o princípio de onde deve partir nosso bom senso para todas as nossas idéias musicais. Meu coração pende para dois lados: como músico, anseio por uma música cheia de qualidade e com diversidade de ritmos; como líder de louvor, olho para as pessoas a minha frente e penso em como eu posso ajudá-las a se encontrar com o Pai.
O grande desafio é somar essas coisas. O violão tem sido para mim um companheiro diante de Deus. Se o meu violão falasse, e fosse fofoqueiro, eu teria sérios problemas! Ao invés de usar a praticidade do violão para se exibir em rodas de pessoas, use-o diante de Deus.
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:: Fabiano Alves
Fabiano Alves é um dos líderes de louvor da Vineyard em Piratininga (SP) e é o coordenador de treinamento da Vineyard Music Brasil.
1 Comment
[…] Muitos ministérios de louvor têm mais de um violão em sua composição (geralmente dois violões). Outra situação que podemos abordar, são os pequenos grupos, onde geralmente, temos somente instrumentos acústicos e essa “formação” de dois violões é bem comum. Mas o que podemos “criar” quando temos dois instrumentos tão parecidos juntos? Acredito que aqui temos dois caminhos principais: a sincronia (rítmica, melódica e harmônica) ou a elaboração de arranjos que se complementam. O primeiro é um caminho muito “perigoso”, pois seria muito difícil conseguir uma sincronização perfeita de dois violões. Já o segundo caminho, nos possibilita a criar um som mais harmonioso e agradável de ser ouvido. Aqui vão alguns exemplos e ideias (com violão 1 e violão 2). a) Um violão faz uma base e define o ritmo, enquanto o outro se encarrega dos “detalhes” (ex: arpejos, solo…). b) Um violão faz uma base e define o ritmo, enquanto o outro (em uma região mais aguda) é tocado somente no início do compasso. c) Os dois violões fazem uma base e definem o ritmo, porém, o primeiro em uma região mais grave e o segundo em uma região mais aguda. Leia mais: Liderando o louvor com o violão. […]