Deus aprova o carnaval?
23 de February de 2022Dicas sobre o antes, durante e depois – Ministrando o Louvor
13 de March de 2022Como muitos de vocês, eu comecei minha jornada de líder de louvor em um grupo caseiro. Eu ainda me lembro do pânico da primeira vez. Nós éramos mais ou menos vinte pessoas na sala de uma casa. Eu tenho certeza de que havia um ar-condicionado ligado, mas eu suava intensamente. O pastor deste culto caseiro, Don, orou para iniciarmos o encontro e então me fez um sinal para que eu continuasse. Mais suor correu pela minha face, enquanto eu pegava o violão com tanta força que pensei que fosse quebrar. De alguma forma eu consegui fazer o primeiro acorde, então o próximo. Depois de um tempo eu me atrevi a abrir os olhos. Eu mal podia acreditar, todos estavam adorando. Era a visão mais maravilhosa que eu já havia tido. Ao contrário do que muitos podem pensar, liderar o louvor em um grupo caseiro envolve mais coisas do que simplesmente um violão nas mãos de alguém (ou uma pessoa sentada ao piano), tocando algumas canções.
Desde aquela primeira noite, eu aprendi muitas coisas sobre preparar e liderar o louvor. Minha esperança é que os próximos parágrafos tragam algumas ferramentas necessárias para que você seja um ótimo líder de louvor em grupos caseiros. Eu vou começar falando sobre tópicos mais amplos e depois chegaremos aos detalhes mais específicos.
ENTENDENDO AS DIFERENÇAS
Liderar o louvor em um grupo caseiro significa liderar um número menor de pessoas, o contrário de uma congregação completa. Eu entendo que esta é uma afirmação incrivelmente óbvia, mas entendermos a diferença das dinâmicas entre o louvor congregacional e caseiro é essencial. Uma importante dinâmica que devemos ter em mente é o nível de participação. Em um grupo menor teremos (provavelmente) menor participação vocal. A razão é primeiramente numérica. Vamos comparar uma congregação de 100 pessoas com um grupo caseiro de 10. Em cada um destes grupos vai haver uma certa quantidade (digamos 15%) de pessoas que não sabem cantar, então eles não cantarão. Somados a estes, existe alguns outros (mais 15%) que não entendem o que é adorar, e por isto eles se tornam espectadores, e podem não cantar. Depois podemos ter um outro grupo (talvez 10%) que entendem o coração da adoração, mas são muito introspectivos para cantar. Isto nos deixa com aproximadamente 60% do grupo, estes vão adorar e cantar. Se aplicarmos este número ao cenário da congregação de 100 pessoas, teremos aproximadamente 60 adoradores (nada mal). No entanto, em um grupo de dez, teremos somente 6 almas corajosas para cantar. Obviamente, esta não é uma regra rígida, mas nos ajuda a criarmos uma expectativa mais realista da participação em nossos grupos. Termos uma expectativa realista do nível de participação do nosso grupo na adoração, é importante por diversos motivos. Isto vai lhe ajudar:
1) Escolha músicas apropriadas. Se por acaso seu grupo tem um nível baixo de participação, então não escolha canções que demandam a presença de um grupo grande. Ao contrário, use as canções que fluem melhor em momentos de intimidade.
2) Não se entregue à frustração. Alguns líderes ficam frustrados pela pouca participação. Pare e pense sobre o que realmente está acontecendo em seu grupo. Talvez você tenha somente 11 pessoas cantando, mas se seu grupo for de 20, então mais da metade está envolvida.
O FATOR INTIMIDADE
Como já disse anteriormente, estar em um grupo caseiro implica que haverá menos pessoas envolvidas. Os grupos deste tipo com os quais eu já me envolvi, variavam entre oito e trinta pessoas. Esta condição cria automaticamente uma atmosfera de intimidade que pode ser ameaçadora a algumas pessoas, e até impedi-las de se abrirem para Deus e e/ou aos outros. Esta atmosfera de intimidade também pode fazer com que as pessoas estejam relutantes em cantar mais alto, porque podem soar mal e serem ouvidas por outros. Uma maneira de vencer o fator ‘intimidade’ é dar às pessoas tempo para se sentirem seguras dentro do grupo. Seja paciente, já que isto pode levar alguns meses. Na verdade, muitas pessoas chegam aos grupos com feridas físicas, espirituais e emocionais que precisam, desesperadamente, ser tocadas pelo Pai. No entanto, vai levar um tempo até que todos sintam segurança e confiança, quando o ministério pode ser mais efetivo e prático.
Um dos frutos deste sentimento de segurança, é que as pessoas vão se expressar com mais liberdade durante a adoração. Lembre-se que a adoração é uma experiência de grande intimidade e um momento quando estamos muito vulneráveis. O nível de liberdade e aproveitamento dos momentos de louvor crescerão sensivelmente quando as pessoas puderem confiar naqueles que estão ao seu redor.
DICAS E DETALHES
O poder da oração
A ferramenta mais importante que um líder de louvor tem a sua disposição quando se prepara para liderar outros, é a oração. Há três áreas específicas que eu enfatizo quando estou orando sobre o louvor. A primeira é que eu seja sensível para escolher as músicas adequadas. A oração é a via principal para que eu determine quais as canções serão cantadas. Vou falar mais sobre escolha de músicas depois.
Outra área de oração importante para os líderes de louvor, é pedirmos a Deus que nos mostre as necessidades específicas do grupo. Nossas igrejas, e consequentemente, nossos grupos caseiros, estão cheios de pessoas que precisam de uma intervenção direta da graça e misericórdia de nosso Senhor em suas vidas. A adoração é uma das principais formas que Deus usa para ministrar à sua noiva. Portanto, a necessidade de estarmos afinados com as ideias de Deus e não com as nossas, é algo vital na adoração.
O terceiro ponto de oração, é o desejo de viver um estilo de vida de adoração e simplicidade. A adoração é mais do que simplesmente cantarmos grandes músicas que nos fazem pensar sobre Deus e nosso relacionamento com Ele.
A ADORAÇÃO ENVOLVE TODO UM ESTILO DE VIDA
Na cultura Hebraica, cada ser humano (corpo e alma) era considerado como algo completamente interligado, unido e indivisível. Portanto, o ato da adoração era entendido como algo que envolvesse todo o corpo (não passivamente), e englobasse todos os aspectos da vida de alguém. Quando eu oro, peço que Deus me ajude a viver uma vida de adoração a cada dia, não somente quando eu estiver liderando o louvor, e que eu sempre tenha em mente a ordenança de Col. 3:15-17,
‘…tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus…’.
VOCÊ NÃO É O CENTRO
Em I Pedro 5:6 lemos:
‘Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte’.
Humildade é uma ordem absoluta para qualquer um que deseja liderar o louvor de forma efetiva. O coração da adoração é Jesus nosso Rei. Liderar o louvor é servirmos àqueles que estamos liderando, permitindo que eles vejam o autor e consumador de nossa fé. Não é o lugar de fazermos o que nós (líderes) queremos! Eu recebi muita ajuda das sugestões que veremos a seguir, para manter minha atenção no coração de Deus por seu povo, e me proteger de estabelecer minha própria vontade no louvor:
1) Não escolha suas músicas favoritas para montar um período de louvor. (Compositores, cuidado para não escolherem somente suas músicas). Tenha certeza de que as músicas escolhidas vão comunicar o que está no coração de Deus, mesmo que você não goste tanto daquela canção. Seguindo este mesmo raciocínio, não se esqueça de tocar em um tom que a maioria das pessoas consigam cantar. Isto pode ser diferente dependendo do grupo, mas geralmente os únicos homens que conseguem cantar as músicas tocadas nos tons de ‘E'(mi) e ‘G'(sol) são os tenores. Eu tenho percebido que as canções em ‘C'(dó), ‘D'(ré) e ‘F'(fa) funcionam muito bem em grupos caseiros, onde a força de uma banda completa e as muitas vozes não estão presentes.
2) Verifique se o seu planejamento para o louvor se encaixa com a expectativa do pastor ou líder do encontro. Eu não estou dizendo que alguém deve aprovar todas as músicas com antecedência. Mas, estar conectado com o responsável (ou aquele que vai pregar/dirigir) antes do início vai dar a segurança de que você entendeu mais daquilo que Deus deseja fazer naquela reunião. Pode servir como um ponto de checagem e equilíbrio para você.
USANDO O REPERTÓRIO ESCOLHIDO
Umas das perguntas mais frequentes que me fazem sobre liderar o louvor é: ‘Eu devo usar uma lista de músicas, ou devo tentar seguir o fluir?’ Minha resposta é: Sim, você deve usar a lista! Eu creio que é importante separar um tempo para planejar quais as canções serão tocadas. Minha experiência me ensinou que se eu procuro ser diligente em buscar o coração de Deus, então as músicas que escolho normalmente atingem o alvo desejado. Pode acreditar, é bem melhor seguir uma lista pré-estabelecida, do que ter de lidar com o stress de escolher a música adequada depois que a coisa já decolou. Porém, é verdade que eu já me peguei em situações quando senti claramente, que a canção seguinte da minha lista ou era inapropriada para o momento, ou não parecia se encaixar com o que estava acontecendo. É neste momento que devemos seguir o fluir. Se realmente queremos dirigir o louvor seguindo o coração de Deus e não o nosso, então algo que precisamos aprender é deixarmos o Espírito Santo intervir e mudar a direção daquele momento. Porque nesta vida, nós somente …veremos em parte… o coração de Deus para as situações. Agora tenho algumas sugestões que podem lhe ajudar a ‘seguir o fluir’:
1) Não entre em pânico. É bem mais fácil ouvir a voz de Deus se você não estiver desesperado. Sinta-se encorajado, e lembre-se que Deus é por você. Ele deseja que você consiga fazer um bom trabalho na liderança do louvor, e será fiel em lhe dar as instruções necessárias.
2) Tenha sempre várias canções alternativas prontas para serem usadas. Tenho experimentado que estas músicas podem acabar servindo muito bem. Outra forma de selecionar músicas alternativas, é manter uma cópia de meu repertório atual (aproximadamente 100 títulos de músicas e o tom em que normalmente toco cada uma) colado no corpo de meu violão, onde posso ver. Desta forma eu posso fazer uma diferente escolha somente com uma rápida olhada. Este pequeno truque tem sido um grande amigo. Também me ajuda a evitar o embaraço de não saber qual será a próxima música.
3) Não crie o hábito de liberar um momento de cânticos espirituais ou espontâneos, somente porque você não sabe o que fazer. A maioria das vezes que fiz isto acabei criando um momento ‘patético’ e não ‘profético’. A chave para isto é, não tenha medo de ficar em silêncio e esperar por uma direção de Deus.
PEQUENO NÃO É SINÔNIMO DE INSIGNIFICANTE
Eu gostaria de deixar uma última palavra de encorajamento nesta sua jornada através do louvor em grupos caseiros: Pequeno não é sinônimo de insignificante. Liderar o louvor em uma casa não é inferior a liderar diante de uma congregação. Não é menos digno ou honrável liderar em um grupo caseiro do que liderar em um santuário com palco. Aos olhos de Deus, o número de pessoas no grupo que você está liderando é insignificante. O que interessa para Ele é nossa obediência em segui-lo e servirmos Sua noiva. Infelizmente, nós acabamos muitas vezes, dando mais atenção para coisas que atraem mais atenção e glamour para nós mesmos. Não caia nesta armadilha.
Brent Helming está envolvido com liderança de louvor e pastoreamento desde 1991. Atualmente ele é o líder de louvor da igreja Vineyard em San Diego CA.