Sacerdócio Real
10 de July de 2018Satisfy – Worshipmob
13 de July de 2018Não é raro ouvir que a joia que falta na coroa do cristianismo evangélico dos nossos dias é a adoração. Sem dúvida, nós, os crentes, passamos horas sentados nos bancos das igrejas, mas estaríamos por isso cultuando? Poucos têm parado para perguntar: “Qual seria o objetivo principal das reuniões na igreja”? Adorar ou evangelizar e aprender? Creio que muitos pensam que tudo o que acontece nos cultos é ato de cultuar, de modo que não há necessidade de nos preocuparmos a respeito da adoração.
Uma criança, ao ver um grande anúncio à entrada de uma cidade, convidando as pessoas a cultuarem na igreja de sua escolha, perguntou ao seu pai: — O que significa cultuar? O pai respondeu-lhe: — Significa ir à igreja e escutar o sermão do pregador. Provavelmente a maioria dos membros das nossas igrejas responderia de modo semelhante.
Jesus disse que Deus procura
“verdadeiros adoradores que adoram o Pai em espírito e em verdade” (Jo 4.23).
Quem são os verdadeiros adoradores? Paulo afirmou que a verdadeira adoração é aquela que se oferece a Deus pelo Espírito, não confiando na carne, mas gloriando-se em Cristo Jesus (Fp 3.3).
Tanto as palavras de Jesus como as de Paulo contrastam a verdadeira adoração com o culto judaico ou samaritano, que envolvem sacrifícios e ritos religiosos tradicionais. Em certa ocasião os fariseus e escribas acusaram os discípulos de Jesus de não cumprirem a tradição dos anciãos. Jesus então lhes respondeu citando Isaías 29.13, que menciona que os judeus religiosos ofereciam ao SENHOR culto que não o agradava!
“Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens” (Mc 7.6-7).
Percebe-se então que adorar a Deus requer que aquele que se aproxima do SENHOR, para adorá-lo, guarde-se de uma vida pecaminosa, indiferente aos seus mandamentos, porquanto sua adoração será sem sentido; será uma falsa adoração, mesmo que os atos sejam completos. Se Deus quer verdadeiros adoradores, ele só se alegrará com aqueles que correspondem às suas exigências. Ele rejeita a liturgia dos “anciãos” ou a da denominação à qual pertencemos, se esta não for bíblica. De modo semelhante aos romanos, se o ventre for o nosso deus (Fp 3.19), o culto que oferecermos será abominação e insulto a Deus, três vezes Santo (Is 6.3). Além disso, devemos lembrar sempre que o contato real e permanente com Deus não deixa de ter seus reflexos na vida daquele que cultua.
Em nosso mundo evangélico, repleto de reuniões, estudos bíblicos, bons livros, música sacra, mensagens, conferências, retiros, deveria se esperar que os cristãos refletissem o efeito destas atividades em vidas caracterizadas pela santidade. Mas, talvez, ao olharmos para nós mesmos, admitiremos o que G. Verwer, diretor-fundador da Operação Mobilização, chamou de “esquizofrenia espiritual”. Dividimos nossas vidas em dois compartimentos. Um, envolvendo nossas atividades religiosas, exemplificadas pelo nosso cantar, orar, falar e testemunhar; outro, envolvendo todas as atividades não religiosas: nossa conversa no dia a dia, sociabilidade, tempo de trabalho e lazer, sentados à mesa, ou atentos aos programas de televisão. Uma dicotomia notável caracteriza a vida daqueles que reivindicam comunhão com Deus, afirmando ser residência do seu Espírito.
Quando nos comparamos a outros cristãos, é fácil concluir que a nossa saúde espiritual está em ótimo estado. Os judeus religiosos, contemporâneos de Jesus, também atribuíram a si mesmos alto nível de espiritualidade. Foi o filho de Deus que estourou o balão de pretensões, espiritualmente oco, dos escribas e fariseus.
Quando ocorre a espiritualidade genuína e agradável a Deus a máscara da hipocrisia é arrancada. A adoração em espírito e em verdade exige o temor de Deus, o qual deve se fazer acompanhar de religiosidade externa
“Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne, como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus” (2Co 7.1).
“O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria” (Sl 111.10).
Sabedoria e santidade de vida unem-se na carta de Tiago, onde se afirma que essa sabedoria tem sua origem no “alto”, isto é, na pessoa de Deus. Por isso, ela é “pura… plena… de bons frutos… sem fingimento” (Tg 3.17).
Dr. Samuel Kamaleson, conferencista indiano de renome, vice-presidente da Visão Mundial, provoca estranheza nas mentes dos pastores que assistem aos congressos. Ele inicia cada conferência tirando os sapatos. Na Índia, tal ato significa respeito na presença da santidade divina. No Brasil, significaria evitar algum desconforto criado pelos sapatos e ter a “santa” liberdade de não se preocupar com o que o auditório pensa! Somente Deus e o adorador realmente conhecem o pensamento interior que motiva tais atos religiosos.
Se um culto realizado não tem o objetivo fundamental de tornar Deus real e pessoal, é costume incluir-se “feno e palha” que não edificam os participantes e nem exaltam ao SENHOR. A maneira como uma igreja adora reflete a teologia da comunidade. Os teólogos de Westminster, que compuseram a famosa confissão e catecismo no século XVII, criam que o principal alvo do homem era glorificar a Deus e alegrar-se nele eternamente.3 Para essa finalidade fomos criados. Para isso Jesus morreu e ressuscitou. À medida que o culto concentra-se no homem, e não em Deus, cria-se a noção falsa de que Deus é um simples espectador que acompanha nossa atividade, como um avô que se diverte com as brincadeiras de seus netos.
Mas a verdade é outra. Deus é perfeito em santidade (Mt 5.48), Criador e juiz do universo (Tg 4.12). Devemos-lhe tudo o que exalta a sua dignidade. No céu, onde o pecado não existe e a influência da rebelião do homem não se aproxima, os seres viventes dão incessante “glória, honra e ações de graças” (Ap 4.9). Os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante daquele que se encontra assentado no trono. Adorarão ao que vive… proclamando:
‘’Tu és digno, SENHOR e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder…” (Ap 4.11).
Se nossa adoração não incentiva os membros da comunidade cristã a reconhecerem a dignidade de Deus e do Cordeiro (Ap 5.9,12), ela falha em princípio. Jesus Cristo é digno de receber o “poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória e louvor” (v. 12).
Expressões de adoração
Definir um termo como “cultuar” ou “adorar” não deixa de ser um desafio a todos que se preocupam com uma verdadeira adoração. Em um sentido mais restrito, significa uma atribuição de honra e glória a quem ou ao que o adorador considera de valor supremo. Seria veneração ou devoção expressa a Deus em público ou pessoalmente. 4 Além disso, pensa-se, popularmente, que adoração requer uma expressão visível, a prática de ritos religiosos que identifiquem a sua forma. Vejamos algumas formas variadas:
1. O culto carismático:
Caracteriza-se por manifestações emocionais, sonoras, visíveis, que mostram a atitude dos adoradores em relação a Deus. A forma do culto se distingue pelo levantar dos braços, exuberantes gritos de “aleluia”, movimentos corporais e “cânticos espirituais”, manifestando entusiasmo na maneira de glorificar a Deus. A comunicação cognitiva tem menos importância em comparação com a livre participação daqueles que cultuam.
2. O culto didático e pedagógico:
Concentra a atenção dos participantes na centralidade da palavra de Deus. Pela pregação, ensino e exortação espera-se que os presentes ouçam a voz de Deus pelo recado recebido e sejam convencidos de que devem oferecer a Deus, como Senhor, tudo que ele exige e merece. As igrejas batistas e presbiterianas exemplificam principalmente a adoração didática.
3. O culto eucarístico:
Valoriza o culto por meio da ceia do Senhor. A eucaristia representa o cerne da aproximação entre Deus e a pessoa que cultua. Por meio da participação nesse “sacramento” memorial, a mística do material unido ao espiritual toma a sua forma concreta, para quem celebra a dramatização da morte sacrificial de Jesus Cristo. Espera-se a criação de um espírito de gratidão e devoção nos participantes. As igrejas luteranas, anglicanas e católicas apresentam um só quadro na importância que atribuem ao culto eucarístico.
4. O culto kerugmático:
(vem do vocábulo grego kerugma, que significa “proclamação”) focaliza a atenção sobre a evangelização dos não-convertidos. As diversas partes do culto são escolhidas e preparadas para levar os espiritualmente perdidos a se entregarem a Jesus Cristo. Cultos com esta ênfase são valorizados pelos evangélicos que concebem como a principal responsabilidade da igreja cumprir a missão que Jesus deu aos seus discípulos (Mt 28.19), uma missão que deve ser cumprida dentro e fora do recinto de culto.
5. Outros cristãos modernos concentram a sua comunhão uns com os outros:
Torna-se popular a descrição deste culto como “corpo vivo” (body-life), porque procura-se a participação comum de todos. A. Neely, professor de missões no Seminário de Wake Forest, E.U.A., sugere o termo koinoniático (do grego koinonia, “comunhão”, “participação”) para indicar essa qualidade central no culto. Assim como o corpo humano necessita dar e receber contribuição de suas diversas partes constituintes, da mesma maneira muitas igrejas estão recuperando a ênfase primitiva apresentada no Novo Testamento sobre a mutualidade.
6. O culto diaconal:
Segundo este conceito, Deus é visto somente no irmão necessitado, sem nos preocuparmos se ele é realmente membro da família do SENHOR. Esta forma está baseada nas palavras de Jesus:
“… vinde, benditos do meu Pai!… Porque tive fome e me destes de comer… Então perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar? O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” (Mt 25.34-40).
Assim, boas obras, caridade, atos de compaixão, em favor dos que sofrem e dos oprimidos, passam a ser expressão de culto ao Senhor. Outros que seguem uma linha mais radical, como os adeptos da “Teologia da Libertação”, vão mais longe. Apoiam movimentos anti-imperialistas e identificam as estruturas direitistas como inimigas. Cultuar, para eles, pode até envolver a luta política contra a injustiça de uma sociedade denominada “reacionária” e “decadente”.
Todos estes modelos característicos de culto, formados por séculos de tradição, ou por modernas reações contra um formalismo herdado do passado ou importado de terras alheias, têm um fator comum. Expressões de adoração como as aqui mencionadas caracterizam as formas de cultuar, e não medem a realidade ou grau de espiritualidade do adorador. Qualquer que seja a expressão do culto ou rito como veículo de adoração, a sua forma é externa, mas a atitude do coração é interna, muitas vezes oculta da própria percepção do adorador.
Deus preocupa-se mais com o coração do que com a forma, ainda que as Escrituras não admitam uma dicotomia entre corpo e espírito. É o próprio Deus quem toma a iniciativa na busca de verdadeiros adoradores. Ele deu seu filho para revelá-lo (Jo 1.18), para sacrificar-se em oferta expiatória, assim rasgou o véu que separava o santuário do Santo dos Santos (Mt 27.51; Mc 15.38; Lc 23.45). Jesus deixou o caminho livre para os pecadores se aproximarem do Pai santíssimo (Jo 14.6). Deus cumpriu a promessa, proclamada pelos profetas, de derramar seu Espírito sobre seus filhos (Ez 36.27).
Somente por meio do Espírito é possível oferecer culto verdadeiro a Deus (Jo 4.24; Fp 3.3). Este fator central da adoração é invisível. A forma correta de adorar não garante que estejamos adorando “pelo Espírito” (o termo pneumati [Fp 3.3], em grego, está no dativo instrumental, “por meio do Espírito”). Assim, Deus tem de revelar-se no Filho, perdoar os pecados que nos separam dele e dar-nos o Espírito para que, pela sua assistência, possamos responder-lhe. Deus se aproxima de nós no Filho, e nós nos aproximamos dele no Espírito. Nenhuma dessas realidades pode ser demonstrada por uma expressão externa de culto. Atos religiosos, tais como falar “as línguas dos homens e dos anjos”, ou “distribuir todos os bens entre os pobres”, ou ainda entregar “o próprio corpo para ser queimado” (1Co 13.1-3), não expressam necessariamente um amor real. O mesmo acontece com a adoração; os atos externos mais notáveis podem facilmente enganar.
Desde seu começo, o culto cristão tem sido ameaçado por dois perigos: 1) Um formalismo que sacramenta o modo de adorar a Deus, enquanto anula o poder de um contato vital com Deus (cf. 2Tm 3.5); 2) Uma espontaneidade que encoraja desprendimento e liberdade, desprezando toda e qualquer forma, mas que cria confusão e desordem. Ambas as formas de culto são condenadas pela falta de amor. O formalismo busca o amor pelo Pai celeste, enquanto o informalismo desordeiro desvaloriza os filhos da sua “família”. A igreja de Éfeso, possivelmente, ilustra o primeiro perigo, tendo abandonado seu primeiro amor (Ap 2.2-5). Preocupava-se com a forma e em manter boas aparências, mas esquecia-se do principal — o amor. Pode-se verificar o segundo perigo na vida espiritual da igreja de Corinto. A liberdade teve ascendência, reinando com supremacia, enquanto a verdadeira adoração sofreu um eclipse por causa das divisões. A desordem caracterizou a ceia do Senhor. Nas reuniões da igreja, qualquer irmão tomava a palavra, sem se dar conta de que outros profetas também tinham mensagens para comunicar (1Co 14.29-30).
Paulo abre nossos olhos para o fator sóciocultural. Quando a igreja trata um irmão escravo como o mundo romano o tratava, Deus rejeita terminantemente o culto dessa comunidade, por ser falso. O apóstolo declara:
“Nisto… não vos louvo, porquanto vos ajuntais não para melhor; e sim, para pior” (1Co 11.17).
O relacionamento entre os irmãos da família de Deus interfere, inevitavelmente, no relacionamento com Deus. Quanto a isto, Jesus ensinou: “Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e então, voltando, fazei a tua oferta” (Mt 5.23-24). As atitudes que os membros da igreja acalentam uns pelos outros não podem ser detectadas naqueles que querem guardá-las em sigilo, porém, a Deus não se engana (Gl 6.7). Mesmo que seja oferecida a Deus uma oferta sacrificial, ela não será aceita. Ele não se impressiona com a aparência externa, mas olha para o coração daquele que lhe oferece a oferta.
A importância da forma contextualizada
A forma do culto deve ser o meio mais adequado para conduzir o adorador a um encontro real com Deus. Admite-se que, segundo a cultura e natureza das pessoas, o discernimento individual subjetivo e algumas expressões, que são recomendáveis para uma igreja ou indivíduo, poderão ser prejudiciais a outros. Não se trata de modos certos ou errados em si mesmos, mas que todos busquem descobrir como agradar ao Pai eterno e ainda ouvir a sua voz com espírito atento.
Tanto igrejas locais como denominações inteiras variam muito em suas maneiras de oferecer culto a Deus. Algumas aprimoram-se na solenidade. O silêncio parece ser essencial na adoração. A maneira de vestir, a decoração do templo, a música tocada ou cantada e a linguagem da mensagem, tudo isso comunica uma verdade sobre Deus: Ele é sério, distante e majestoso. “Ele está no seu santo templo. Cale-se diante dele toda a terra”, é o texto que prevalece.
Outros grupos eclesiásticos não impõem reverência, nem exigem silêncio. Deus não lhes suscita temor, nem parece desejar que se mantenham à distância. Bebês choram; crianças se levantam para esticar os braços e correr; os jovens conversam; a música tem ritmo acelerado, que faz lembrar a música profana. Também batem palmas, falam em voz alta e o auditório reage a qualquer afirmação com um forte “amém” ou “aleluia”. Num culto na Guatemala, realizado há 28 anos , num povoado de índios Chuj, lembro-me da reação de um membro na congregação, ao descobrir que um porco aproximava-se do púlpito. Aquele irmão levantou-se sem qualquer cerimônia, deu um pontapé na barriga do animal, que imediatamente soltou fortes grunhidos, e abandonou depressa o local. O culto continuou normalmente sem qualquer outro escândalo. Entre estes dois “estilos” de cultuar a Deus, que refletem mais a cultura do que a sinceridade, haveria um certo e outro errado? Creio que não. Uma maneira solene de adorar pinta um quadro de Deus baseado no contexto de reis e cortes, onde os súditos aproximam-se do “chefão” com temor e terror. Contudo, isto não passa de hipocrisia, se os adoradores não conhecem a Deus e não têm uma ideia realista da sua santidade, amor e poder.
Também, um culto que atrai pelo espírito descontraído, quase leviano, representa sutilmente uma cena de piquenique e brincadeiras. Divertimento não deve ser confundido com adoração, a não ser que Deus seja o personagem central, dominante e transformador. A maneira de adorar deve harmonizar-se ao máximo com a verdade revelada sobre a pessoa de Deus. Há, no entanto, fortes tendências de comunicar a realidade de sua paternidade, eliminando, porém, a verdade importantíssima de sua realeza. Igrejas que deixam de reconhecer que Deus é juiz enquanto os homens são réus, sofrerão prejuízo eterno (Tg 4.12). Nas próximas páginas convidamos o prezado leitor a pensar sobre a realidade da adoração. O ideal será juntar perfeitamente a forma com a devida expressão interna do coração. Com este intuito, queremos dirigir nosso pensamento em direção às Escrituras. A velha aliança, apresentada ao povo eleito pela mediação de Moisés, frisou o temor de Deus (cf. Hb 12.18-21). A nova aliança não anula o princípio de reverência (cf.2Co 7.1; 1Pe 1.17). Aliás, o livro de Hebreus coloca em destaque o perigo de negligenciar a salvação oferecida por Jesus Cristo, que implica em julgamento ainda mais estarrecedor (2.2-3). Mesmo assim, creio que a ênfase maior recai sobre o amor (2Co 5.14).
O que significa adorar?
Adorar e cultuar, juntamente com palavras como fé e amor, pertencentes aos mais profundos níveis da verdade cristã, não se enquadram facilmente dentro de definições nítidas. Mais susceptível à descrição e experiência do que às limitações de uma definição verbal, qualquer tentativa de definir adoração será falha. Assim fala um sábio desejoso de expressar com palavras o que seria realmente a adoração:
“O transbordar de um coração grato, impulsionado pelo sentimento do favor divino”.
No contexto em que Jesus instrui a mulher de Samaria, acerca da verdadeira adoração, ele declara que a água que daria ao sedento,
“seria nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (Jo 4.14).
A fonte se abre no novo nascimento (Jo 3.5), jorra em adoração (4.14) e flui em rios de água viva em serviço obediente (7.37-39). O salmista aproximou-se do cerne da adoração genuína quando disse:
‘’Tu és o meu Senhor, outro bem não possuo, senão a ti somente” (16.2).
Adoração, tal como a palavra inglesa, “worship” (worthship, “valor reconhecido”) exprime a riqueza que Deus representa para o adorador.
Quem se assenta num banco da igreja aparenta ser adorador, mas, muitas vezes não o é. Quantas refeições suculentas têm sido planejadas na hora solene do culto, ao contrário do que ocorreu com Maria, sentada “aos pés de Cristo” (Lc 10.39). Quantos negócios têm sido planejados, rascunhados e contratos fechados nas mentes daqueles que lotam os bancos da casa de Deus! Contudo, um ato de adoração reconhece a preciosidade de um encontro vital com Deus e tem, para quem busca ao Senhor, a vantagem incomparável de conquistar a pérola de grande valor (Mt 13.45). Fundamentalmente, adoração pode ser definida como:
“A resposta de celebração a tudo que Deus tem feito, está fazendo e promete fazer”.
Para o verdadeiro adorador, a pessoa de Deus é tão preciosa quanto um copo de água fresca, puríssima, num dia de calor. “O SENHOR é a porção da minha herança e do meu cálice” (Sl 16.5). Adorar implica em peneirar nossos valores.
Comunhão com Deus é ou não nosso alvo? Ele, ou nossos interesses, oferecem a maior atração? Cultuar, portanto, é pôr em ordem bíblica as nossas prioridades. Procuramos conhecer a Deus, e vamos conhecendo-o cada vez melhor, de modo a exaltá-lo:
“Louvarei ao SENHOR em todo o tempo; o seu louvor estará sempre nos meus lábios. Gloriar-se-á no SENHOR a minha alma; engrandecei ao SENHOR comigo e todos à uma lhe exaltemos o nome” (Sl 34.1-3).
Por: Russell Shedd © 2016 Edições Vida Nova.
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1 Supomos que Paulo estava escrevendo aos Filipenses de uma prisão romana.
2 Organização evangelística que dirige o trabalho dos navios Doulos e Logos.
3 Cf. R. Hession, Queríamos Ver a Jesus, Liv. Independente, S. Paulo, p. 12.
4 Cf. G. W. Bromiley, The Pictorial Encyclopedia of the Bible, ed. M. C. Tenney, G. Rapids, 1975, vol. V, p. 969.
5 Veja, por exemplo, At 2.42.
6 C. E. B. Cranfield, “Divine and Human Action, The Biblical Conception of Worship” Interpretation XXII, 1958, p. 387-398.
7 J. F. White, Introduction to Christian Worship, Nashville, 1980, p. 17.
8 Para uma apresentação muito sugestiva da maneira como nossa visão de Deus afeta nossas atitudes e adoração, veja J. B. Philips, Deus e Deuses, Mundo Cristão, S. Paulo, 1975, p. 9-50.
9 Definição anônima citada por A. P. Gibbs, Worship, op. cit., p. 15.
10 Ibid., p. 17.
11 John Burkhart, Worship, a Searching Examination of the Liturgical Experience, citado por D. G. Peterson, RTR, Vol. XLIV, maio-agosto de 1985, p. 34.
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