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14 de December de 2015Kings Kaleidoscope – Come Thou Long Expected Jesus
14 de December de 2015Este artigo foi inspirado pelos inúmeros casos de locais fechados e/ou pequenos, em especial igrejas, em que vemos amplificadores de instrumento (mais conhecidos como cubos) mal utilizados, sejam pelo sub ou superdimensionamento, por estarem absolutamente mal posicionados, mal regulados, etc. Em suma, erros que fazem com que percam desempenho, cumpram mal sua função, além de atrapalhar o sistema de sonorização como um todo.
Gostaria de esclarecer que este artigo tem como público-alvo os operadores de áudio iniciantes, os músicos que se apresentam nesses locais, e até mesmo outras pessoas que, de alguma forma, participam das tomadas de decisão quanto à aquisição e utilização de equipamentos. Foi escolhido um vocabulário simples, para facilitar o entendimento daqueles que não possuem conhecimento e vocabulário técnico. Fica a possibilidade de, no futuro, expandirmos este artigo para que sejam feitos os aprofundamentos técnicos de vários assuntos que serão tocados de forma extremamente rasa, como ondulatória, cancelamentos de fase, conceitos de mixagem, entre outros.
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, como profissional que visita várias igrejas e casas de eventos em geral, senti uma verdadeira invasão do conceito de que os cubos e baterias acústicas são os grandes vilões dos grupos musicais. Assim, vários grupos, optando pelo “bem maior” da plateia, resolveram abolir o uso. “Vamos ligar tudo na mesa”, disseram animados, o que realmente trouxe várias vantagens para os operadores de áudio. A principal delas é a diminuição das fontes sonoras que não são controláveis pelo “cara do som”. Assim, a mixagem fica muito mais flexível, diminuindo a famosa “guerra de volumes” que tanto discutimos no meio.
Antes, com os cubos individuais, o operador poderia até cortar nos PAs o sinal de determinado instrumento, mas ainda haveria no ambiente o áudio gerado pelo amplificador, que, muitas vezes, ainda é demais para a mixagem pretendida.
Agora, depois de cortados e empilhados todos os cubos na “salinha do som”, o operador de áudio sente-se todo poderoso, podendo fazer o que bem entender em cada mixagem. Se for instalada uma bateria eletrônica então, nem se fala…
O operador, que até então só era responsável pelas vozes, e quem sabe pelo teclado e violão, parte para a missão de mixar uma banda completa. Os que reclamavam do alto volume das programações elogiam, mas depois de algum tempo de percepção musical, começam novos problemas:
- “Essa bateria eletrônica é horrível, hein?!”;
- “Não dá pra aumentar o violão?”;
- “Cadê os grave do baixo?” (com erro de português e tudo);
- ou então a clássica: “O som da minha pedaleira fica muito melhor no cubo”.
Pois é… E agora? Antes de cortar, sem dó nem piedade, os cubos do palco, você se perguntou se o sistema de sonorização tem capacidade de atender a banda toda “em linha”? O volume que antes era gerado com o auxílio de vários amplificadores e instrumentos acústicos, você terá que fazer só com esse “PAzinho”! Você se preocupou em ver se suas caixas têm resposta de frequência compatível com o timbre gerado por um contra-baixo ou uma bateria eletrônica? Ou então, indo um pouco mais longe no técniquês, se perguntou se há recursos de processamento mínimos para que você faça uma mixagem com qualidade, sem virar essa salada que virou?
Por essas e outras, já me peguei em diversas ocasiões sugerindo a utilização de cubos, mesmo onde, a princípio, parece uma péssima escolha. Quer um exemplo? Os cubos são uma ótima alternativa para quem está com o sistema de sonorização em construção. Ou seja, ainda não há recursos técnicos suficientes para fazer uma mixagem com qualidade nos PAs, e nem para uma distribuição homogênea de retornos para todos os músicos. Às vezes, a mesa de som temporária não tem nem canais suficientes para ligar todos componentes da banda.Também é importante citar os casos em que o equipamento de som simples e descomplicado não é algo temporário, e sim uma decisão de aquisição. Uma igreja sem operador de áudio, por exemplo.
Às vezes, é melhor uma mixagem sem controle pelo operador, com mais volume do que o ideal e um pouco embolada; do que uma mixagem sob controle do operador, mas com péssimas condições de retorno para os músicos, trabalhando com o sistema em níveis de saturação e gerando um resultado totalmente embolado para o público.
Agora, para se obter um resultado satisfatório com a utilização de diversos cubos no palco, é necessário utilizá-los corretamente.
DICAS PRÁTICAS
1. QUAL CUBO USAR?
Para começar, um que seja adequado ao seu instrumento. Um cubo de contra-baixo, por exemplo, é desenvolvido com componentes que respondem de maneira ideal ao timbre gerado do instrumento. Isso vai desde o(s) alto-falante(s), a amplificação, o projeto da caixa (litragem interna, dutos de ar, etc), e até os recursos personalizáveis pelo usuário, como o tipo de equalização e outros recursos comutáveis.
Para uso ao vivo (há exceções para esse raciocínio! Estou dizendo isso embasado na grande maioria dos produtos disponíveis no mercado brasileiro), sugiro amplificadores com potência mínima de 50w. Não pela potência em si, mas porque os amplificadores com potência menor a essa costumam ser destinados a estudo, ou seja, são bem baratos, e limitados quanto à sonoridade e recursos. Os produtos de 50w ou mais já tendem para uso profissional, e já possuem melhores componentes.
2. COMO POSICIONAR NO PALCO?
Os cubos projetam seu som para frente, ou seja, o músico deve estar posicionado à frente do amplificador. Se o cubo é a única fonte sonora do instrumento no ambiente, é importante que esteja posicionado de frente para a plateia, mas ainda sim de frente para o músico, para que não deixe de desempenhar seu papel de retorno. Conforme a ilustração:
Agora, se o cubo está sendo utilizado apenas como retorno, a posição recomendada é de lado em relação ao palco, mas ainda de frente para o músico. Assim, o músico terá a melhor audição possível, e interferirá muito menos no som gerado pelos PAs. Conforme a ilustração:
Procure manter os alto-falantes direcionados para seus ouvidos. Deixar o cubo no chão, olhando para suas pernas, fará com que você necessite de mais volume para ouvir bem, e ainda fará com que você ouça o som de forma indireta, ou seja, já influenciado pelas reflexões acústicas do local. É mais volume no ambiente, e som mais embolado nos seus ouvidos. Alguns cubos possuem um corte inclinado na parte de trás, para que possam ficar no chão, e ao mesmo tempo, voltados para o músico. Caso não tenha esse recurso, coloque seu cubo em um suporte próprio, ou no mínimo, em cima de uma cadeira.
É importante comentar a importância de manter certa distância entre o músico e o cubo. As frequências mais graves possuem comprimentos de onda grandes, sendo que algumas frequências podem chegar facilmente aos 3 metros! Ou seja, para ouvir claramente tais frequências a uma distância muito curta, o músico terá que disparar muito mais volume do que se estivesse na distância adequada. E o público, ou até mesmo os outros músicos no palco, ouvirão o som do instrumento em volume muito maior que o próprio músico, uma vez que estão mais distantes, e ouvem as ondas após completarem os ciclos completos. Entenda que aí começamos a mergulhar em conceitos um pouco mais profundos, que necessitariam de uma explicação mais técnica para que fossem compreendidos. Como não é o objetivo desse artigo, resumo esse tópico com uma dica: mantenha distância de pelo menos 1 metro do cubo. Se o palco permitir, fique entre 1 e 3 metros para uma audição ideal.
A utilização dos cubos em distância superior a 3 metros não é necessariamente errada, mas só é coerente no caso de grandes palcos, onde o volume dos mesmos não precisa ser tão dosado, como nos pequenos locais que são o foco deste artigo.
3. QUANTO VOLUME UTILIZAR?
Se estiver utilizando o cubo apenas como retorno, a resposta é bem simples: utilize o mínimo que precisar. O cubo servirá para que você ouça seu instrumento com qualidade e definição, além de preencher o palco com o som de seu instrumento. Evite incomodar os “vizinhos”.
Agora, se estiver utilizando o cubo como única fonte do instrumento no ambiente, é importantíssimo que haja interação entre o músico e o operador de áudio. A princípio, utilize no volume mínimo para retorno. Atendendo às recomendações deste artigo, você perceberá que dá para ouvir bem com pouco volume disparado! A partir daí, busque a referência de como está a audição do instrumento para o público. Às vezes será necessário aumentar ou abaixar um pouco. Localize o meio termo entre volume satisfatório de retorno e equilíbrio com o resto da banda.
4. CASOS PARTICULARES
- Contra-baixo: Sem dúvida, a maioria dos sistemas de sonorização de pequeno porte não tem recursos para reproduzir o som de um contra-baixo com qualidade. Por isso, vejo aí um ótimo candidato para utilização no cubo. E, mesmo que o sistema de PA seja bem projetado, capaz de reproduzir com qualidade o instrumento para a plateia, ainda sobra o problema da monitoração. Nem sempre temos um monitor de chão ou fone de ouvido que dê uma referência de qualidade do instrumento para o músico.
- Guitarra: Aqui temos uma discussão e tanto! Os amplificadores de guitarra, em especial seus alto-falantes, são projetados de maneira a atender exclusivamente esse instrumento, o que acaba produzindo respostas sonoras bem particulares. Podemos também destacar características típicas de cada fabricante. Alguns guitarristas localizam em determinada marca um timbre mais adequado àquilo que espera de sua guitarra. Por isso, vários guitarristas fazem questão da utilização dos cubos.Para solucionar esse problema, vários fabricantes de pedais e pedaleiras incluíram em seus produtos os “simuladores de amplificador”, ou seja, recurso capaz de simular a presença de determinado cubo, simulando também o resultado sonoro produzido por ele. É óbvio que aí temos MARCAS e marcas, PRODUTOS e produtos. Simuladores de qualidade realmente conseguem produzir tais características sonoras com bastante precisão. A utilização ou não desses recursos é uma discussão que tange ao gosto pessoal de cada músico, mas é óbvio que, com equipamentos de qualidade, fica mais fácil “tirar” som de qualidade, seja no cubo ou no sistema de PA.
PONTO DE VISTA FINANCEIRO
Como tudo no áudio, o mercado nos oferece produtos baratos e produtos caros.
Se você está vendo nos cubos uma solução definitiva para seu sistema de sonorização, procure por produtos de qualidade, que trabalhem com certa folga de potência, e que atendam às expectativas sonoras do(s) músico(s).
Se você está vendo nos cubos uma solução temporária, enquanto o sistema de sonorização não é montado de forma ideal, pense bem se vale a pena gastar dinheiro com isso… O que seria investido em “cubo pra todo mundo” não daria uma boa agilizada na aquisição dos equipamentos que estão faltando?
Por mais que pareça impossível em curto prazo, tenha em mente e nas mãos o projeto do sistema de som perfeito para você. Procure investir nos equipamentos que farão parte de forma definitiva no “som ideal” de vocês. Evite desperdiçar dinheiro em equipamentos temporários ou quebra-galhos, e dê preferência para antecipar aquisições do projeto ideal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não podemos taxar o uso de cubos como prejudicial à qualidade do áudio, nem muito menos tomar como exigência boba por parte do músico. É um recurso que pode sim trazer benefícios, mas deve ser utilizado observando regras, para que se tenha o melhor desempenho possível, e sem se esquecer do contexto onde se está inserido. Nem sempre som mais alto é som melhor.
Fica claro também, em especial para os operadores de áudio, que trabalhar sem os cubos normalmente é melhor, mas para isso, o sistema de sonorização precisa ser capaz de reproduzir com qualidade a mixagem de toda a banda, tanto para o público, quanto para o sistema de retornos.
Gabriel Rosner Lima trabalha com áudio há 7 anos na igreja e também em empresas de sonorização.
Fonte: www.somaovivo.org